Saturday, December 29, 2012

Voltamos a brilhar...

Domingo, 15 de dezembro de 2002, meu filho completava 5 meses de vida e, apesar de quase verão, a temperatura ia caindo a medida que o horário do jogo se aproximava.

A confiança de ganhar era abafada pela lembrança ainda fresca dos dois últimos anos, em que o São Paulo sagrou-se campeão paulista do ano 2000 com um empate contra o Santos e o famoso gol do Ricardinho faltando 40 segundos para terminar o jogo, nos tirando a oportunidade de disputar o título paulista de 2001.

A temperatura seguia caindo e a tensão aumentando...

É verdade que estávamos no rumo certo, nos classificamos em oitavo lugar (depois em uma combinação de resultados inimaginável) e, logo de cara, enfrentamas o 'todo poderoso' São Paulo que se classificou com 14 pontos a frente do segundo colocado, resultado? vitória Santista maiúscula nos dois jogos, com direito a comemoração do Diego em cima do escudo tricolor em pleno Morumbi. Depois de passar pelo Gremio (3 X 1 na Vila e 0 X 1 no Olímpico) estávamos aptos para enfrentar o Corinthians na grande decisão, mas o time adversário era forte e experiente, enquanto o nosso era habilidoso e extremamente jovem, se bem que, naquele mesmo ano já tínhamos batido neles por 4 X 2 na primeira fase do Brasileirão, mas agora eram as finais...

Pra ser sincero, não me lembro nada do primeiro jogo, eu sei que foi 2 X 0, mas o resto se apagou da minha memória.

Eu assistí essa partida na minha casa, isolado, para preservar meus filhos do nervosismo que toma conta de mim sempre que peixe entra em campo... Além do nervosismo, cultivei um hábito de ver os jogos longe do meu pai, pois SEMPRE que assistíamos os jogos juntos, o resultado nunca era favorável... ok, pode ser um pouco de superstição que foi se consolidando durante os anos 80 e 90, mas é melhor não dar sopa para ao azar, afinal 'não acredito em bruxas, mas que elas existem, existem'...

O futebol é apaixonante pelos roteiros que se criam, muito além da imaginação de qualquer um e, esse jogo, foi mais um exemplo disso... antes do segundo minuto, um dos nossos melhores jogadores, se machucou e pediu para ser substituído, nosso técnico, que dava a maturidade que os meninos não tinham, foi expulso por um ato quase infantil, ou seja, se meu filho ouvir meu relato sobre esse jogo, certamente ele falará: 'meu velho inventa cada história...'

Mas quem presenciou as pedaladas do Robinho sabe o que estou falando.. no meio do primeiro tempo ele tira um coelho da cartola e nos coloca em vantagem, uma vantagem frágil e que deu o tom do jogo: corríamos o tempo todo sob o fio da navalha.

No meio do segundo tempo, meu pai aparece para ver o final do jogo comigo e 'comemorar' o título já ganho (para ele). Assim que ele entra na sala, o Corinthians empata o jogo, não deu para terminar a discussão de porque não deveríamos ver o jogo juntos, eles marcaram o segundo. Pronto, faltava apenas um para eles serem campeões e, a qualquer momento, aquele fatídico gol do Ricardinho, poderia reaparecer...

Foi aí que meu pai se retirou e o Robinho roubou a bola na esquerda, deu uma finta incrível em cima do de dois marcadores rolou a bola para o Leo terminar com a agonia: 3 X 2 ! Agora não dava mais tempo, esse gol nos deu o sétimo título brasileiro ! Depois de uma Conmenbol e uma Rio-São Paulo criticadas, ganhamos um Brasileirão e voltamos a brilhar...




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