Tuesday, May 28, 2013

Uma jornada (in)esperada

Basta dar uma olhada na história para vermos que toda monarquia é sustentada pela mão de ferro do rei, fazendo-se temido pelos dissidentes, trocando favores com aliados e mantendo um poderoso exército para proteger seu reino e sua posição. Após sua morte, o poder é passado ao princípe, não que ele tenha feito nada de especial para ser merecedor, ele ganha o poder apenas por ser o herdeiro natural do rei.

Nós Santistas fazemos parte de uma monarquia bem diferente. Nosso Rei usava de sua habilidade e genialidade para reforçar sua posição perante seus súditos e para ser respeitado por outros reis, rainhas e súditos espalhados por todo o planeta. Ele não tinha um castelo, mas era possível de vê-lo em nosso templo e em outras tantas arenas que o recebiam de braços abertos e o reverenciavam. Entre seus súditos, não há dissidências nem tentativas de revolução, apenas exaltação à nossa bandeira, às nossas cores e à sua arte. 

Pelas coisas que ele fazia, às vezes ficávamos na dúvida se ele era mago ou rei, teve até quem tenha levantado a hipótese dele não ser desse mundo...

A idade o levou sair de cena, mas, apesar de vários ataques, seu reinado continua firme e forte e seus súditos sempre fiéis e na expectativa de um príncipe assumir essa monarquia apaixonante.

Como era de se esperar, nosso princípe não seria imposto, nós o elegeríamos assim como fizemos com o Rei e sou feliz por ter visto seu surgimento. 

Ele não era o herdeiro natural, ele conquistou o coração dos súditos e seu posto em nosso reinado com alegria e ousadia, com carisma, com uma risada sincera e com muita traquinagem, ensinando a todos que dá para se divertir trabalhando. Com gols e jogadas inacreditáveis, com passes e dribles digno do nosso reinado ele coroou a todos nós com títulos e festas.

Tive o privilégio de acompanhá-lo e de assistí-lo em atuação, conquistando toda a região, o País e  o Continente, mesmo antes de completar 20 anos de vida ! Esse princípe encheu seus súditos de alegria pela jogadas que pareciam impossíveis mas que, quando executadas por ele, pareciam muito simples... Arenas lotadas para ver qual novo truque ele colocaria em prática, a vontade de que aqueles 90 minutos fossem esticados ao máximo para poder se deliciar mais e mais com suas molecagens.

Presenciamos o milagre da multiplicação: crianças e jovens levavam em suas cabeças o símbolo da juventude e irreverência desse princípe. Essas mesmas crianças o tomaram como exemplo quando ele assumiu um filho prematuro, que o ajudou muito a amadurecer. Os adultos o aplaudiam e agradeciam por poder voltar a ser criança e usar nossas cores com mais paixão e orgulho... Esse príncipe foi capaz de colocar uma nova cor em nosso reinado mostrando que mesmo com 101 anos, somos jovens, somos meninos e temos o mundo para (re)conquistar.

Hoje é um dia triste em nosso reinado, nosso princípe está nos deixando para conquistar novas terras. Mas, diferente do nosso Rei, ele estará sozinho nessa jornada e veremos outras cores em seu estandarte. Outros reis e rainhas, outros súditos e até mesmo reinados 'inimigos' se renderão à sua maestria; ele mostrará a todo o planeta que nossa terra é mágica, capaz de formar Reis e Princípes capazes de conquistar o mundo.

Talvez por não ter visto a despedida do Rei, nunca acreditei que a saída do nosso príncipe fosse me deixar com esse sentimento de tristeza, esse vazio. Seu choro na última aparição com nosso manto é o retrato de todos os súditos e,   mesmo sabendo que ele irá usar outras cores, temos a certeza de que nossas cores estarão sempre em seu coração e que ele estará sempre em nossos corações.

Boa Sorte Princípe, estaremos de braços abertos esperando seu retorno !




Sunday, December 30, 2012

Que tarde em São Caetano

Na busca de melhor qualidade de vida e para morar mais próximo ao trabalho, poucos meses antes da cidade ser palco de um jogo inesquecível, minha família e eu nos mudamos para São Caetano do Sul.

Depois do título do brasileirão de 2002 e do vice-campeonato em 2003, o Santos tentava, com todas as forças, levantar o oitavo título brasileiro, algo que parecia quase impossível pela vantagem de 12 pontos que o Atlético Paranaense abriu. Essa vantagem levou o time curitibano a instalar um painel com uma contagem regressiva de dias para o título nacional daquele ano...

Mais um roteiro futebolístico que, quem não vivenciou, achará que é invenção: Mesmo com nosso maior ídolo afastado a maioria dos jogos, por exigência dos sequestradores de sua mãe, jogo após jogo, o Santos conseguiu diminuir essa vantagem e, chegou ao penúltimo jogo do campeonato, somente à 2 pontos do líder. 

Exatamente no mesmo momento em que o São Caetano recebia o Peixe em 12 de dezembro de 2004, acontecia no Rio de Janeiro um confronto entre Vasco X Atlético Parananese. Além da disputa direta pelo título, esse jogo tinha um outro tempero adicional: os presidentes de ambos os clubes eram inimigos políticos e, como derrotar o Atlético Paranaense era algo muito importante para o dirigente vascaíno, muita coisa coisa extra-campo aconteceu, como permitir que a torcida paranaense entrasse no estádio somente no segundo tempo... E, como essa briga nos interessava diretamente, todos os torcerdores estavam com os olhos em São Caetano e com os ouvidos no Rio...

Jogo importante ao lado de casa é igual a um programa imperdível. Esse foi o argumento que usei para levar amigos e parentes ao estádio.Não me lembro de detalhes do jogo, mas lembro da sensação em conhecer o simpático estádio do Azulão, lembro do clima amistoso de um jogo de (quase) uma torcida e, principalmente, do lindo domingo de sol, daqueles dias em que nada pode dar errado pois o cenário perfeito já estava montado.

Levamos um susto com uma bola na trave, mas não demorou muito para encaixamos nosso jogo e dominar o adversário, até que saiu o primeiro gol dos pés de Elano. Enquanto isso, em São Januário, continuava 0x0, já éramos líderes mas não dava para bobear. Aumentamos para 2x0, com o centésimo gol do peixe no campeonato, que time ! Tão habilidoso quanto o de 2002, mas muito mais maduro.

Basilio, o artilheiro errante, aumentou. 3x0, vitória garantida em São Caetano, agora as atenções eram todas no jogo do Rio, torcendo para o time que quase contratou o nosso Rei. Quando nada estava acontecendo em São Caetano (acho que um dos goleiros ia bater um tiro de meta), de repente, a torcida se levanta e comemora um gol, quem não estava com seu rádio não sabia o que era e, aos poucos, a informação foi chegando, passando de boca em boca, a uma velocidade incrível, era gol do Vasco ! O Anacleto Campanella foi pequeno para tanta felicidade !

E foi logo após o gol que ninguém que estava em São Caetano viu, que presenciai uma das cenas mais bonitas em um estádio de futebol: o sol de início de verão iluminando a torcida santista que rodava suas camisetas brancas acima da cabeça enquanto entoava o hino do glorioso, simplesmente de arrepiar. 

Quando olho para o lado, vejo meu pai emocionado dizendo: 'me lembra a Vila nos anos 60... depois de mais de 30 anos sem pisar em um estádio, vim presenciar esse espetáculo'.

Exorcisamos de vez o fantasma e, presenciamos juntos, nosso time ser campeão bem na cidade que escolhi para morar.

O último jogo era contra o Vasco e a diretoria do clube carioca mandou o time reserva para cumprir tabela (para não correr o risco do Atlético virar na última rodada). Saimos de São Caetano com uma mão na taça e colocamos a outra mão em São José do Rio Preto, coisas que a história oficial se encarrega de contar.




Vejam que bacana a matéria do Globo Esporte de 13/12/2004.. Eles conseguiram retratar um pouco do que vivi em São Caetano

http://www.youtube.com/watch?v=8348M7VNwVg

Saturday, December 29, 2012

Voltamos a brilhar...

Domingo, 15 de dezembro de 2002, meu filho completava 5 meses de vida e, apesar de quase verão, a temperatura ia caindo a medida que o horário do jogo se aproximava.

A confiança de ganhar era abafada pela lembrança ainda fresca dos dois últimos anos, em que o São Paulo sagrou-se campeão paulista do ano 2000 com um empate contra o Santos e o famoso gol do Ricardinho faltando 40 segundos para terminar o jogo, nos tirando a oportunidade de disputar o título paulista de 2001.

A temperatura seguia caindo e a tensão aumentando...

É verdade que estávamos no rumo certo, nos classificamos em oitavo lugar (depois em uma combinação de resultados inimaginável) e, logo de cara, enfrentamas o 'todo poderoso' São Paulo que se classificou com 14 pontos a frente do segundo colocado, resultado? vitória Santista maiúscula nos dois jogos, com direito a comemoração do Diego em cima do escudo tricolor em pleno Morumbi. Depois de passar pelo Gremio (3 X 1 na Vila e 0 X 1 no Olímpico) estávamos aptos para enfrentar o Corinthians na grande decisão, mas o time adversário era forte e experiente, enquanto o nosso era habilidoso e extremamente jovem, se bem que, naquele mesmo ano já tínhamos batido neles por 4 X 2 na primeira fase do Brasileirão, mas agora eram as finais...

Pra ser sincero, não me lembro nada do primeiro jogo, eu sei que foi 2 X 0, mas o resto se apagou da minha memória.

Eu assistí essa partida na minha casa, isolado, para preservar meus filhos do nervosismo que toma conta de mim sempre que peixe entra em campo... Além do nervosismo, cultivei um hábito de ver os jogos longe do meu pai, pois SEMPRE que assistíamos os jogos juntos, o resultado nunca era favorável... ok, pode ser um pouco de superstição que foi se consolidando durante os anos 80 e 90, mas é melhor não dar sopa para ao azar, afinal 'não acredito em bruxas, mas que elas existem, existem'...

O futebol é apaixonante pelos roteiros que se criam, muito além da imaginação de qualquer um e, esse jogo, foi mais um exemplo disso... antes do segundo minuto, um dos nossos melhores jogadores, se machucou e pediu para ser substituído, nosso técnico, que dava a maturidade que os meninos não tinham, foi expulso por um ato quase infantil, ou seja, se meu filho ouvir meu relato sobre esse jogo, certamente ele falará: 'meu velho inventa cada história...'

Mas quem presenciou as pedaladas do Robinho sabe o que estou falando.. no meio do primeiro tempo ele tira um coelho da cartola e nos coloca em vantagem, uma vantagem frágil e que deu o tom do jogo: corríamos o tempo todo sob o fio da navalha.

No meio do segundo tempo, meu pai aparece para ver o final do jogo comigo e 'comemorar' o título já ganho (para ele). Assim que ele entra na sala, o Corinthians empata o jogo, não deu para terminar a discussão de porque não deveríamos ver o jogo juntos, eles marcaram o segundo. Pronto, faltava apenas um para eles serem campeões e, a qualquer momento, aquele fatídico gol do Ricardinho, poderia reaparecer...

Foi aí que meu pai se retirou e o Robinho roubou a bola na esquerda, deu uma finta incrível em cima do de dois marcadores rolou a bola para o Leo terminar com a agonia: 3 X 2 ! Agora não dava mais tempo, esse gol nos deu o sétimo título brasileiro ! Depois de uma Conmenbol e uma Rio-São Paulo criticadas, ganhamos um Brasileirão e voltamos a brilhar...




Friday, June 22, 2012

Hoje é 22/06/2012... 1 ano do tri-campeonato da Libertadores !

Estava organizando minha agenda para a próxima semana quando bati o olho no calendário e percebi que hoje é 22/06, imediatamente me afastei, reclinei a cadeira, olhei para o alto e, no meio da agitação do trabalho, o mundo parou, o silêncio reinou e eu voltei no tempo com uma pergunta que fiz a mim mesmo: "O que eu estava fazendo a 1 ano atrás? "

Eu estava fazendo exatamente a mesma coisa: preparando minha agenda para a próxima semana, mas não era sexta-feira, era uma quarta-feira, véspera de feriado de Corpus Christi e faltavam poucas horas para um momento incrível: a final da Libertadores.

Imediatamente lembrei dos dias 23, 24, 25, ou seja, lembrei do sentimento de festa que tomou conta dos Santistas, muito diferente deste 22/06/12, dois dias após a eliminação na semi-final da Libertadores pelo nosso maior rival. Esse é um verdadeiro exemplo de como tudo na vida é formado por ciclos. 

Quer mais um exemplo ? 

Vejam só o que aconteceu no futebol Europeu: os dois times mais habilidosos e que enchiam os olhos de todos foram eliminados nas semi-finais da Champions por dois times com jogo burocrático e, entre os finalistas, ganhou o menos habilidoso, mas o que errou menos e que lutou e acreditou até o fim.

Quer outro ?

Quais os dois times amplamente apontados pela mídia como favoritos a levantar essa Libertadores por possuirem um futebol mais bonito e com toque de bola envolvente ? Sim, Santos e Universidad de Chile. Pois bem, os dois foram eliminados na semi-final por dois times que jogam feio, sem jogadores habilidosos mas com muita marcação e vontade de ganhar e que acreditaram até o fim.

Não quero pregar que temos de mudar nosso esquema de jogo, até porque não e isso que gostamos, quero apenas mostrar a todos que a vida é formada por ciclos, tem ano que o ataque ganha e tem ano que a defesa ganha; É como o pêndulo do relógio que, com movimentos constantes e contrastantes, mantém um equilíbrio inabalável no exercício da sua função.

Essa eliminacão inesperada não deve ser causadora de mudanças profundas, ela deve ser usada para aprendermos a sair da nossa zona de conforto e criar condições de superação, devemos fazer o que os 'times que jogam feio' fizeram: Criar antídotos, afinal, a vida é feita de ciclos responsáveis pelo equilíbrio natural das coisas: hoje está tudo fora da ordem, mas no próximo movimento do pêndulo, tudo volta ao seu lugar...

2012 começou como o ano do nosso centenário, já comemoramos o Tri-campeonato Paulista de maneira inquestionável, fazendo 12 gols nas fases finais e ainda temos 2 títulos em disputa: o Brasileirão e a Recopa, portanto é momento de respirar, jogar bola e acreditar até o fim.

Com nosso tri-paulista mostramos que a maldição do centenário só cai em time pequeno, que de vez em quando tem uns brilharecos pelo movimento do pêndulo...

Friday, May 4, 2012

O jogo que mais me marcou...

Quando o jornalista William Tavares me perguntou qual o jogo do Peixe mais me marcou, eu tinha de ser rápido e assertivo, busquei rapidamente na memória algum jogo para fugir do clichê mas não consegui... A única maneira que encontrei para ser diferente foi responder dois jogos ao invés de um: 

A final da Libertadores de 2011 e a final do Brasileirão de 2002.

A final da Libertadores era por razões óbvias, era a viagem da máquina do tempo, era o epicentro de um terremoto, era o sonho de um menino. Eu não fui ao estádio, fiz questão de assistir em Santos, no centro do universo ! (pelo menos naquela noite...)

Naquele dia cheguei bem cedo ao escritório para dar conta das obrigações e me permitir (psicologicamente) sair mais cedo para estar em Santos no horário devido. Esse plano quase não funcionou devido a uma febre inesperada em minha esposa mas, mesmo enferma, ela acompanhou a familia nessa jornada. Era véspera de Corpus Christi, e logo veio a preocupação com o trânsito nas rodovias; Tudo ocorreu bem e logo na chegada da cidade o clima era diferente, havia gente reunida em vários pontos e bandeiras hasteadas por toda parte, era uma cidade revivendo seus momentos de glória.

Tentamos assistir na Vila Belmiro em telões instalados pela diretoria, nada feito. Fomos a um restaurante muito frequentado por nós, ali mesmo, bem próximo ao estádio. Pela minha surpresa não estava cheio, tivemos um serviço VIP e toda a liberdade para torcer, vibrar e xingar (o Zé Love).

Quando o jogo acabou eu não sabia o que fazer, eu queria sair rapidamente pelas ruas para sentir a torcida, na minha imaginação tudo voltaria a ser preto e branco como nas filmagens do time de Pelé, e a comemoração iria durar até o amanhecer... com exceção do P&B, o resto eu estava certo, fomos até a Praça da Independência, não sei como coube tanta gente e tantos carros... Ao voltar para casa, bem depois da 1h da manhã, o trânsito na avenida da praia era algo jamais visto em Santos, algo digno de deixar qualquer Marginal Tietê com inveja...

No dia seguinte a ressaca da comemoração era a marca da cidade... todos acordaram tarde e fizeram questão de vestir suas camisas, todos se cumprimentavam e acenavam com o número 3 nas mãos, mesmo roucos, as pessoas soltavam um 'fala tri-campeão', mesmo sem carreata, bandeiras vestiam os carros como se protegessem do frio que começara a chegar pelo inverno praiano. 

Lembranças que vivi com meus filhos e que contarei para meus netos: eu, sua vó (com febre) e seus pais, em plena capital mundial do futebol, testemunhando o triunfo de um time tri-campeão da América.

Um trecho do trânsito na avenida da Praia sentido Ponta da Praia



Você deve estar se perguntando, e a final do Brasileiro de 2002 ? esse vai para o próximo post...

Wednesday, May 2, 2012

Máquina do tempo

Nascido em 77, Santista e fã incondicional dos Beatles, meu maior desejo de infância e adolescência era ter uma máquina do tempo para ver de perto a revolução que ambos fizeram no mundo. As histórias que ouvia sobre aquele time maravilhoso da década de 60, não eram nada parecidas com os times que via na década de 80 (da mesma maneira que a música que ouvia nada tinha a ver com o que aqueles 4 cabeludos de Liverpool fizeram).

Nós, Santistas, temos um defeito de fabricação: não conseguimos ser pequenos nem pensar pequeno, por mais que sejamos de uma cidade fora da maior capital do país e que a imprensa tente relembrar isso a todo instante, somos muito grandes, somos campeões do mundo (duas vezes !), somos campeões da América (3 vezes !) somos o time do Rei e, exatamente por isso, ano após ano eu queria reviver a mágica dos anos 60, queria sentir o que meu pai sentiu ao ver seu time conquistando a América e o mundo.

Eu não 'consumi' futebol na infância e adolescência pois o Santos não me convidava, eu consumia os anos 60, sabia tudo, jogos, adversários, jogadas, histórias, tudo ! Era gostoso mas não me completava, eu queria reviver tudo aquilo, zombar dos amigos, ter história para contar para os meus filhos.

Vi lampejos, lembro de algumas edições da Super Copa dos Campeões da Libertadores, onde o grande Santos era apenas coadjuvante. Fomos campeões da Rio-SP em 97, título que comemorei muito apesar da falta de divulgação e da insistência de todos em desprezá-la. Comemorei também a Taça Conmebol de 98, onde seguramos um empate na Argentina contra o Rosário Central, com apenas 1 no banco de reservas.

Na virada do século, o Santos foi reconhecido pela Fifa como o Melhor Time das Américas do Século XX, e não foi só isso que essa virada de milênio trouxe, no século XXI o Santos voltou a ser vitorioso, voltou a ser competitivo, voltou a figurar como grande força do futebol, até que em 2010, meu pedido foi realizado: ganhei uma Máquina do Tempo!

Ao ver o time de 2010, abusado, goleador, que não tinha medo de tomar gol pois sabia que faria 3 ou 4, eu comecei a entender o que se passava com os torcedores dos anos 60, nós assistíamos aos jogos para ver de quanto seria o placar, pois a vitória era certa, nós assistíamos para ver qual a jogada os meninos iam inventar, pois gols sairiam, nós assistíamos para ver e ter alegria, não era o resultado em si, era curtir 2 horas de diversão através do esporte.

A certeza de que a máquina do tempo tinha me levado para onde eu queria foi ter sido testemunha do titulo da Libertadores em 2011 e ver o Neymar desequilibrando e vários jogos. Certamente esse time não é o mesmo dos anos 60, mas afirmo que viajei no tempo e sei o que é ser grande, sei o que é ser campeão, sei o que é ser Santista !

Tuesday, May 1, 2012

14/04/12...

Apesar da festa VIP que estava acontecendo na Vila Belmiro na sexta-feira dia 13/04, véspera do centésimo aniversário do Santos F.C., a cidade estava muito tranquila; Fomos em alguns pontos-chave da torcida santista (a padaria Santista no Canal 5 e o quiosque do Romildo no Canal 6) e a calma residia também nesses lugares.

Mesmo assim, fomos dormir muito tarde naquela noite...

No sábado, acordamos cedo ao som do despertador, eu e minha esposa nos preparávamos para ir à Vila Belmiro para pegar os ingressos para as comemorações organizadas pela diretoria. Ao sair, minha esposa me aguardava na porta com um bolo de 3 andares (que lhe tomara 2 dias de trabalho) para homenagear nosso time de coração.

Confesso que de início não achei uma boa idéia... Lá fomos nós para a Vila mais famosa do mundo com um bolo enorme, mesmo sem saber ao certo qual seria o destino do bolo e o que nos aguardava no resto desse dia.


Chegamos sem susto e trocamos nossos ingressos muito rapidamente, indícios de que teríamos um dia maravilhoso, apesar da chuva que aparecera ao amanhecer. Rodamos em algumas ruas em torno do estádio, todo enfeitado para a festa e, em um dado momento, minha esposa me pede para parar e salta do carro com o bolo e vai em direção à um repórter perguntando como fazer para presentear o time da ESPN com esse bolo por conta da excelente cobertura feita do centenário e pela transmissão que estava sendo feita de dentro da Vila Belmiro.

Seguindo as orientações, fomos até o portão VIP da Vila, onde encontramos o gerente de marketing do Santos que adorou o que viu e pediu para deixar o bolo em exposição até o final da festa, quando ele seria usado para a comemoração. Era tudo o que minha esposa queria: ter uma criação sua participando da festa junto do Rei e do nosso príncipe.

Junto com toda a família, fomos para as arquibancadas ver as festividades do centenário (jogo dos eternos ídolos e o jogo 'nós contra a rapa)
.

Nos divertimos, nos emocionamos e aguardávamos ansiosos a entrada do bolo. Confesso que ficamos frustrados quando vimos outro bolo entrando em campo para o estádio cantar os parabéns ao clube, mas esse sentimento não deteve minha esposa, que voltou ao portão VIP e pegou seu bolo de volta para que seu plano inicial fosse colocado em prática.

Na saída da vila a torcida foi a loucura com o bolo, todos queriam pegar o bolo, cantar parabéns, tirar foto... o frissom foi tanto que a jornalista Audrey Kleys da TV Tribuna entrevistou a Vanessa e fez questão de posar para foto.


Chamamos a torcida para ira à praia do Gonzaga comemorar com o bolo no relógio do centenário pois era para lá que a família rumava. No caminho, encontramos a equipe da ESPN caminhando na praia: era a chance que minha esposa queria: entregar o bolo para aquela equipe de reportagem. O jornalista José Renato Ambrósio nos avisou que a rádio Estadão-ESPN tinha montado um estúdio na praça do Aquário de Santos e estava transmitindo o programa ao vivo e nos convidou para participar do programa.

Não pensamos duas vezes, fomos para o local combinado. Chegando lá fomos inseridos ao vivo na rádio e uma bela entrevista foi conduzida com maestria pelos jornalistas, que nos fez organizar nossa idéias e sentimentos pelo Santos para responder, de 'bate e pronto' perguntas assertivas e diretas: 
   "Você deve ser da geração do Rodolfo Rodriguez, me fala um pouco sobre esse grande ídolo do peixe"
   "Qual o jogo que mais te marcou ? "

Nesse momento minha esposa, chorando, descreveu sua emoção em ver o estádio tomado pela torcida vibrando e comemorando a conquista da Libertadores do time feminino em 2010, foi realmente muito bonito de ver sua reação e a memória afetiva compartilhada em rede nacional....

(Olhem ela chorando por estar perto do goleiro Rafael)


Desde pequeno eu sonhava em participar das comemorações do centenário do Santos, mas nunca imaginei que a comemoração seria tão intensa e que eu pudesse compartilhar idéias e opiniões em um veículo tão importante e que acompanho desde sempre... 

Devo isso ao talento, ao carisma e à doçura da minha esposa. Além de dois filhos encantadores, uma vida maravilhosa e de muito, muito carinho, ela me proporcionou um dos dias mais gostosos da minha vida.

Te Amo...