Wednesday, May 2, 2012

Máquina do tempo

Nascido em 77, Santista e fã incondicional dos Beatles, meu maior desejo de infância e adolescência era ter uma máquina do tempo para ver de perto a revolução que ambos fizeram no mundo. As histórias que ouvia sobre aquele time maravilhoso da década de 60, não eram nada parecidas com os times que via na década de 80 (da mesma maneira que a música que ouvia nada tinha a ver com o que aqueles 4 cabeludos de Liverpool fizeram).

Nós, Santistas, temos um defeito de fabricação: não conseguimos ser pequenos nem pensar pequeno, por mais que sejamos de uma cidade fora da maior capital do país e que a imprensa tente relembrar isso a todo instante, somos muito grandes, somos campeões do mundo (duas vezes !), somos campeões da América (3 vezes !) somos o time do Rei e, exatamente por isso, ano após ano eu queria reviver a mágica dos anos 60, queria sentir o que meu pai sentiu ao ver seu time conquistando a América e o mundo.

Eu não 'consumi' futebol na infância e adolescência pois o Santos não me convidava, eu consumia os anos 60, sabia tudo, jogos, adversários, jogadas, histórias, tudo ! Era gostoso mas não me completava, eu queria reviver tudo aquilo, zombar dos amigos, ter história para contar para os meus filhos.

Vi lampejos, lembro de algumas edições da Super Copa dos Campeões da Libertadores, onde o grande Santos era apenas coadjuvante. Fomos campeões da Rio-SP em 97, título que comemorei muito apesar da falta de divulgação e da insistência de todos em desprezá-la. Comemorei também a Taça Conmebol de 98, onde seguramos um empate na Argentina contra o Rosário Central, com apenas 1 no banco de reservas.

Na virada do século, o Santos foi reconhecido pela Fifa como o Melhor Time das Américas do Século XX, e não foi só isso que essa virada de milênio trouxe, no século XXI o Santos voltou a ser vitorioso, voltou a ser competitivo, voltou a figurar como grande força do futebol, até que em 2010, meu pedido foi realizado: ganhei uma Máquina do Tempo!

Ao ver o time de 2010, abusado, goleador, que não tinha medo de tomar gol pois sabia que faria 3 ou 4, eu comecei a entender o que se passava com os torcedores dos anos 60, nós assistíamos aos jogos para ver de quanto seria o placar, pois a vitória era certa, nós assistíamos para ver qual a jogada os meninos iam inventar, pois gols sairiam, nós assistíamos para ver e ter alegria, não era o resultado em si, era curtir 2 horas de diversão através do esporte.

A certeza de que a máquina do tempo tinha me levado para onde eu queria foi ter sido testemunha do titulo da Libertadores em 2011 e ver o Neymar desequilibrando e vários jogos. Certamente esse time não é o mesmo dos anos 60, mas afirmo que viajei no tempo e sei o que é ser grande, sei o que é ser campeão, sei o que é ser Santista !

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